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Projeto Ecopet para a castração de animais

Atualizado: 4 de out. de 2018

por Vanessa Esteves, Ilza Fernanda, Julia Chaplin,

Luana Gasperi e Adriana Bolzan

Seja na mídia, no almoço em família ou até nas rodas de conversa entre amigos, o plástico tornou-se o maior desafio ambiental do século 21, segundo a ONU Meio Ambiente. Por existir um consumo desenfreado do material e uma pequena porcentagem de embalagens ser destinada corretamente para a reciclagem, o descarte do plástico é um dos assuntos mais comentados ultimamente.


O que muitos não sabem, entretanto, é que existem projetos que ajudam na diminuição e até em causas sociais, fazendo com que a separação desse plástico seja para fim de uma boa ação.


Um desses projetos é o Ecopet, que recebe tampas de plástico na Grande Florianópolis para depois vendê-las e, consequentemente, realizar a castração de animais em situação de rua ou de famílias carentes. Entrevistamos as voluntárias da administração Juliana Bitencourt e Thayse Kraus que nos contaram como funciona o projeto, há quanto tempo existe e quais os tipos de tampinhas coletadas. Para saber mais, confira a entrevista.


InterComunidades: Como o projeto foi criado e quem tirou a ideia do papel?

Ecopet (Juliana e Thayse): Essa ideia surgiu da Engenharia Solidária, no Rio Grande do Sul, que é um projeto similar. A Ana Pacheco e a Natália Nardi, que são as duas coordenadoras, foram as que se juntaram e aplicaram a ideia aqui. Uma não tinha conhecimento da outra, mas as duas buscaram ao mesmo tempo informações nesse grupo e a coordenadora do Engenharia Solidária colocou-as em contato para que elas conseguissem dar início ao projeto.


I: Como funciona o projeto?

E: Nós temos voluntários de coleta, voluntários de separação e os pontos de armazenamento. Em geral, todo mundo faz tudo. Nós somos voluntárias também. Normalmente esses pontos de armazenamento são as nossas próprias casas. A ideia começou inicialmente pedindo para os estabelecimentos mais próximos e hoje as pessoas nos procuram para doar as tampinhas e, infelizmente, estamos negando por não termos voluntários suficientes. Cada voluntário tem seus pontos, então eles recolhem, em casa separam e levam para o ponto de armazenamento. De lá, é encaminhado para a reciclagem, já tendo que estar tudo separado.


Tampas de plástico coletadas pelo projeto Ecopet. Foto: Vanessa Esteves

I: Na reciclagem, o que é feito com essas tampinhas?

E: Eles trituram e vendem para a indústria de plástico novamente. Um dos produtos que é reproduzido com essas tampinhas é o fundo da garrafa térmica. Uma das empresas que compra faz isso.


I: Por que as tampinhas precisam estar separadas por cor?

E: Primeiro que, quando as entregamos separadas, tem mais valor agregado. Quando elas estão todas juntas, o único pigmento que consegue cobrir todas as cores é o preto, por isso eles pagam menos.


I: E sobre a castração, como funciona?

E: Como a gente não tem abrigo, dificilmente pega um cachorro na rua e castra. Às vezes os próprios voluntários se responsabilizam pelo pós operatório dos animais. A grande maioria das castrações são convertidas para famílias carentes. A gente tem os cadastros e encaminha para as clínicas parceiras. Agora estamos implementando a ideia de fazer os mutirões, para um número maior de castrações. O mutirão que for feito em determinada comunidade vai ser disponibilizado somente para aquela comunidade. O primeiro que fizemos foi no dia 1º de setembro no Frei Damião, em parceria com a Prefeitura de Palhoça.

I: Cada voluntário fica responsável por um bairro?

E: Depende. Eu [Juliana], por exemplo, moro no Campeche, trabalho no Abraão e no Córrego Grande, então onde eu passo eu me ofereço para coletar na região. Então depende da rotina do voluntário. Se ele faz determinado trajeto sempre, ele pode ficar responsável pelos pontos de coleta que estão pelo caminho.


I: E como faz para se tornar um voluntário?

E: Toda demanda é acolhida com as redes sociais. No Instagram nós conseguimos dar conta, mas no Facebook estamos com bastante dificuldade. Então nós precisamos de voluntários até para responder as pessoas, porque é muita gente entrando em contato. Recebemos dúvidas sobre o projeto, gente se disponibilizando a ser voluntário, estabelecimentos querendo ser ponto de coleta e até pessoas querendo implementar o projeto em outras cidades, então a demanda de contatos é muito grande.


I: São quantos voluntários atualmente?

E: Na administração somos seis. No grupo do WhatsApp com todos os voluntários estamos em 41 pessoas. Mas muitos voluntários têm outras pessoas que os ajudam e não estão no grupo, além de alguns familiares e das pessoas que se disponibilizam a ajudar nos mutirões.


I: O que uma pessoa que quer castrar seu cachorro ou gato faz para entrar na fila?

E: Ela pode entrar em contato via mídias sociais e, dependendo do bairro, disponibilizamos para até duas pessoas. Assim que recebemos essa demanda, já mandamos as orientações de tudo que precisaremos: comprovante de renda, idade do bichinho, peso, sexo, quanto tempo desde o último cio e mandamos o número da pessoa responsável por isso para contato. A partir daí é feita uma lista e vamos encaminhando para as clínicas parceiras. No caso de gatos de rua, por exemplo, nós conseguimos dar a medicação injetável e liberá-lo no mesmo dia.


I: E no caso de cachorros de rua?

E: O pós-operatório do cachorro é mais complicado, então é mais difícil. Só realizamos a castração se alguém se responsabilizar a cuidar do bichinho depois da operação.


Prestação de contas de castrações realizadas de 2017 e 2018 até agosto. Foto: Divulgação

I: Para finalizar, quanto tempo depois da criação do projeto foi realizada a primeira castração?

E: Para realizarmos a primeira castração levamos três meses para arrecadar o número de tampinhas suficiente, e no último mês [agosto] castramos mais de 80 animais. Aliás, para uma castração é necessário cerca de 100kg, uma média de 50 mil tampinhas por castração.


São 332 pontos de coleta no total na Grande Florianópolis - Florianópolis, Palhoça, São José e Biguaçu -, segundo dados de 13 de setembro. As tampas de plástico, como dito na entrevista, precisam ser separadas por cores e agrupadas da seguinte forma:

  • Rosa, roxo e lilás;

  • Verdes;

  • Amarelo e dourado;

  • Laranjas;

  • Preto, cinza e marrom;

  • Transparentes e brancas;

  • Azuis;

  • E tampas moles todas juntas.

As tampas de plástico duras - separadas por cores - abrangem tampas rígidas geralmente de maionese, amaciante, hidratante, sabão líquido, desinfetante, além das de refrigerante, água e suco. Já as tampas de plástico mole - que podem ficar todas juntas - são menos firmes e geralmente de requeijão, margarina, manteiga, achocolatado, leite em pó, inseticida, lacre da bombona de 20L, spray de tinta.


Além disso, tampas de metal - como de garrafa de vidro de cerveja -, tampas de azeite e materiais que não são feitos de plástico não devem ser enviados à coleta.


O plástico foi escolhido pois possui maior valor agregado no mercado, é fácil de ser armazenado e, além de tudo, preserva e ajuda o meio ambiente com a destinação correta do material.


Para acompanhar o projeto Ecopet nas redes sociais ou tornar-se um voluntário, siga o perfil no Instagram ou curta a página no Facebook.

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