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Hospital Público vs Hospital Privado

Atualizado: 24 de out. de 2018

Uma das grandes falhas na administração da saúde pública é acreditar que a iniciativa privada é muito mais competente para administrar certos serviços, inclusive hospitalares. O que ocorre no Hospital Florianópolis há vários meses é a prova mais evidente do quanto à imaginação dos governantes supera a realidade do povo. A SPDM (Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina) deixou a situação do hospital em um estado tão crítico em relação a grande falta de medicamentos básicos como Dipirona e Buscopan, atendimento precário, refeições de pacientes e funcionários que não aconteciam, além de itens de uso diário faltando que o governo foi obrigado a dispensar a entidade e contratar outra, o IDEAS (Instituto de Desenvolvimento, Ensino e Assistência a Saúde), que assumiu os serviços do Hospital Florianópolis em fevereiro deste ano. O governo do Estado alegou, ao contratar a SPDM em 2014, que as coisas seriam mais fáceis, porque não haveria necessidade de concurso público para a contratação de pessoas e que a gestão privada seria muito mais facilitada. Porém empresas privadas visam o lucro, deixando o interesse público de lado. O erro do governo é continuar acreditando que esse tipo de manobra pode resolver os problemas da saúde pública.

De acordo com os dados da federação, as entidades privadas reunidas em Santa Catarina representam 6.724 estabelecimentos prestadores de serviços de saúde, sendo 182 hospitais, 3.041 clínicas, 539 laboratórios e 2.962 serviços de saúde diversos. No total são 221 hospitais em Santa Catarina, aproximadamente 82% são das entidades privadas. Também no tratamento intensivo, a participação do setor privado/filantrópico e determinante com mais de 77% dos 708 leitos de UTI disponíveis em Santa Catarina. No Estado o setor privado é responsável por mais de 70% dos leitos, de acordo com os dados da FEHOESC (Federação dos Hospitais e Estabelecimentos de Serviços de Saúde do Estado de Santa Catarina). Mesmo com todos esses problemas, neste ano, Santa Catarina foi o Estado que ficou melhor classificado no Brasil por meio do recém-criado IDSUS (Índice de Desenvolvimento do Sistema Único de Saúde), com uma nota de 6,29 em uma escala de zero a 10. Entre as capitais, Florianópolis ficou com nota 6,67, a terceira no ranking, mas também é a 14º entre as 21 cidades da região. De 1987 até hoje, o governo de Santa Catarina não investiu na construção de novos hospitais públicos. Nesses 24 anos, foram inaugurados sete hospitais privados na Capital, que atendem particular e por meio de convênios. Atualmente há mais de 500 leitos ativos da iniciativa privada em Florianópolis. O Estado conta hoje com 200 hospitais privados que atendem pelo SUS, é muito mais vantajoso para o governo e barato estimular esse modelo do que construir novos hospitais.

Em relação aos partos cirúrgicos, a maioria dos partos normais são feitos na rede pública, já casos mais complicados são realizados em instituições privadas. Outro fator que colabora com o alto índice de partos cirúrgicos na rede privada e a taxa de disponibilidade do médico. Para garantir que o mesmo profissional que acompanhou todo o pré-natal realize o parto, a gestante tem duas opções: pagar o preço para a realização do parto (que no Estado varia entre R$ 2 mil e R$ 5 mil) ou agendar o nascimento do bebê para um horário em que o profissional esteja de plantão, deste modo não vai precisar pagar custo adicional. Caso contrário, assim como em unidades públicas, terá de ser atendida pelo médico plantonista do hospital conveniado. A preocupação com a saúde pública no Estado levou a FEHOESC e a AHOESC (Associação de Hospitais do Estado de Santa catarina) a encaminharem um documento ao Secretário de Saúde de Santa Catarina, Dalmo Claro de Oliveira, em março de 2011, com propostas de melhorias em relação aos servidores, atendimento, infraestrutura e sistema.

Apesar da diferença do número de hospitais privados ser muito superior a hospitais públicos e a prefeitura não demostrar nenhum interesse em melhorar esse número, a população é o lado mais prejudicado nesse tema, de certa forma, triste. O que não pode ser feito é aceitar isso sem cobrar de nossos governantes uma posição e uma melhora no sistema de saúde dos municípios.





Por: Thuany Cristine, Nicole Wolter

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Blog: Blog2
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