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Milhares de mulheres participam do #EleNão em Florianópolis, o maior movimento feminino no Brasil

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  • 2 de out. de 2018
  • 3 min de leitura

A manifestação aconteceu no centro da cidade em uma tarde ensolarada. Foto: Carlos Eduardo.

No fim de semana que antecedeu o voto eleitoral à Presidência da República, centenas de milhares de manifestantes foram às ruas de mais de 110 cidades brasileiras com um objetivo em comum. O ato não foi apenas local. Paris, Londres, Lisboa e Nova York também participaram do protesto do dia 29 de setembro de 2018, aquele que viria a ser um marco na história das mulheres brasileiras.


Na Capital catarinense, mais de 30 mil pessoas segundo a Organização* ou 15 mil segundo a Polícia Militar se reuniram em frente à catedral metropolitana de Florianópolis para expressar sua negação à Jair Bolsonaro, candidato à Presidência do Brasil pelo PSL. O evento inicialmente organizado pela internet foi intitulado #EleNão, e estava marcado para acontecer simultaneamente pelo país no sábado (29).


Em sua expressiva maioria de mulheres, de diferentes faixas etárias e classes sociais, o protesto em Florianópolis era pacífico entre o público que conflitava com os ideais do ex-capitão do exército. Mulheres clamavam em cartazes, em camisetas, bandeiras e em seus corpos a contrariedade à repressão e aos retrocessos expostos pelas propostas de Bolsonaro em frases como “Ele não, ele nunca” e “Mulheres contra o coiso”. A aversão à Jair era compartilhada e apoiada por manifestantes da causa LGBTQ, presentes em peso no centro da cidade.


Mas o microfone era delas. Entre declarações, manifestações artísticas e frases entoadas, a voz feminina da cidade declarava a preocupação ao candidato com maior índice de popularidade e líder das pesquisas de voto para a eleição deste ano. Mas segundo dados do DataFolha, 52% das mulheres entrevistadas não votam em Bolsonaro de jeito nenhum. Frequentemente e sem pudor, Bolsonaro dá entrevistas e reafirma seu posicionamento quanto à inferioridade, promiscuidade e incapacidade das mulheres.



O público se concentrou nas principais ruas da capital catarinense. Foto: Carlos Eduardo

4 DECLARAÇÕES QUE COLOCAM AS MULHERES CONTRA BOLSONARO:

Esse ano, ele afirmou sobre o número de mulheres no ministério: “Não é questão de gênero. Tem que botar quem dê conta do recado. Se botar as mulheres vou ter que indicar quantos afrodescendentes”.

Em 2017, declarou em uma palestra: “Eu tenho cinco filhos. Foram quatro homens, a quinta eu dei uma fraquejada e veio uma mulher”.

Em entrevista à Zero Hora em 2015, Jair disse “Mulher deve ganhar salário menor porque engravida. Quando ela voltar [da licença-maternidade], vai ter mais um mês de férias, ou seja, trabalhou cinco meses em um ano.”

Em 2014, Bolsonaro disse no plenário da Câmara que não estupraria a deputada Maria do Rosário (PT-RS) “porque ela não merece”.

Cartazes expressavam revolta e empoderamento feminino. Foto: Carlos Eduardo

A banda catarinense “Cores de Aidê” se apresentou às 11h, aclamada pelos presentes. Formada por 16 mulheres que, através do Ritmo Samba Reggae, de suas danças e composições, honra o respeito e o direito pela liberdade, fez um show em conjunto com o AFRICATARINA, outro grupo de samba reggae catarinense. Os cânticos puxados entoavam empoderamento feminino e liberdade.


A manifestação se deu em um percurso de alguns quilômetros abaixo do forte sol de sábado, no centro da cidade. Ao longo do caminho, o número de simpatizantes e opositores à marcha contrastava, fazendo com que a polarização que se vive no país ficasse muito exposta no ato. Na avenida beira-mar, bandeiras LGBTQ e aplausos dividiam espaço com panelas e camisas do candidato do PSL.


Ao longo do trajeto, Sônia Aparecida, 46, se manifesta: “Sou mãe e minha filha é homossexual. Pra mim é inacreditável a possibilidade de ser governada por um sujeito que, por ele, veria minha filha morta”. Ao ser questionada sobre as razões que levaram o discurso de ódio chegar a essa amplitude, foi veemente: “Acho que ele representa algo que está engasgado na garganta de muita gente, que vê uma voz nessas baboseiras que ele [Bolsonaro] fala”.


Em entrevista à revista Época, em 2011: "Sou preconceituoso, com muito orgulho."


Bandeiras da causa LGBTQ apareciam em grande quantidade nas manifestações. Foto: Carlos Eduardo

Estudantes também marcavam presença em massa no ato. Renata Shroeder, de 17 anos, estudante do terceiro ano do ensino médio, se disse preocupada com o possível rumo do país. “Venho de colégio público e faço vestibular esse ano. Não tenho condições de a mensalidade de uma faculdade e o Bolsonaro já disse que vai cortar todas as bolsas. Eu tô (sic) desesperada”.


Durante a caminhada, o clima era pacífico. Poucos exaltados foram identificados pelo caminho, mas logo repreendidos pela voz feminina uníssona ali presente. Homens simpatizantes à causa foram bem recebidos. Algumas bandeiras de partidos progressistas se faziam presentes, apesar do ato ser apartidário.


Grupo Culturas Urbanas

 
 
 

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